quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Cansaço e Desabafo

A noite foi esperada com ansiedade, muito custou a dia a passar.

Sofridas as longas horas do dia o grande momento chegou.

O anoitecer veio frio, escuro, sem luar nem estrelas ; só a esperança pairava pelo ar.

Esperança das muitas possibilidades que a noite nos reservava, a esperança de finalmente nos entendermos ou de simplesmente nos deixarmos livres um do outro para que busquemos o que buscamos em outros corpos.

Minha pontualidade britânica não me abandonou naquela noite, cheguei no horário combinado e você.. ah você atrasou-se uma interminável hora.Paciência, talvez seja esse o meu dom.

O esperei como em todas as outras oportunidades, mas desta vez sua segurança de ter-me a mão ao solicitar estava ameaçada.

Muitos quases nos faz ver as coisas por outros ângulos, nos leva a pensar milhões de possibilidades, nos faz desistir daquilo que sempre desejamos. Essa noite eu não suportaria mais um quase entre nós.

Notei que haviam outras oportunidades se apresentando em nossos futuros, outros alguém que se disponham a realizar aquelas centenas de quases que estamos sustentando a tempos.

Alguém que me faz lembrar do cansaço de tantos quases.Que traz novos ares a meus pulmões e que faz meu coração bombear mais freneticamente o sangue de minhas veias.

Parece que toda sua calma e delicadeza vem transformando tudo em impaciência.

Estou só e não quero mais estar assim, me sinto bem com você, mas ainda me sinto só.Quero companhia, quero ação, quero emoção.Minha calmaria se esgotou, quero entrar num furacão.

Sentir a instabilidade da incerteza, o balanço da dúvida, e me entregar a conquista.Quero palpitar, arriscar, desvendar.. não só aguardar como venho fazendo.

Acho que me roubaram de ti, você permitiu que me levassem, não brigou, não lutou, não insistiu, não me amou!

Está me deixando partir, mas não gostaria de partir, porque não insiste em eu ficar?

Sabia desde o inicio que esse dia chegaria, que seguiríamos caminhos opostos, que me levariam de ti e me roubariam delicadamente como fizeram, você permitiu, não se moveu, não me buscou deixou que um outro alguém me conquistasse, permitiu que tudo o que haveria de acontecer deixasse de se fazer necessário.Autorizou o desencanto me envolver.Observou tudo se perder.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Um quase

Nós perguntamos quando teríamos uma nova oportunidade para da felicidade provar.
O tempo se passou e aquilo que perecia tão intenso, tão urgente se acalmou.Nosso dia chegou.
Feito tradição pessoas se colocaram entre nós, mas dessa vez estávamos determinados..faríamos tudo diferente.
Você me recepcionou com um quase beijo, deveria ter arriscado mais.Aguardava ansiosa a chegada daquele momento, mas compreendi; a pressa tudo destrói!
Assim que nossos olhares se tocaram novamente senti aquela magia que temos quando estamos juntos no ar, nos sentados ao chão, olhávamos um ao outro com atenção, sorriso frouxo, conversa boba.Dizíamos tudo sem falar nada.As pessoas notaram, algumas não gostaram e outras certamente nos apadrinharam.
Como de costume em poucos instantes surgiram aqueles querendo nos roubar, tirar de nós os momentos que ali poderíamos ter, sempre a mesma cena, o mesmo dialogo ... "-venha aqui preciso falar com você", "-ah me acompanha até ali"..; as mesmas desculpas.. as mesmas solicitações... e novamente eles ignoravam o que ali facilmente se notava. A nós dois só havia naquele local nós, não víamos o mundo de gente que lá estava, não ouvíamos a musica alta, as risadas descontroladas, só ouvíamos a voz um do outro, só víamos os olhos um do outro.Nada mais importava estávamos juntos.
A noite foi passando sorrateira, nós separou nos momentos em que nos pediam uma dança e nós educados como sempre dançávamos com os que nos convidaram, outros nós ofereciam bebidas para envolver uma conversa sem importância, aceitávamos..sempre fazendo a social..mas nada daquilo nos importava.. o que queríamos era simples, um ao outro.
O sol começou a nos ameaçar, furtando novamente uma chance dada pelo destino.Não podíamos adiar e quem nos fez ajustar nossos relógios foram nossos futuros padrinhos.palavras de incentivo e verdades que sabíamos mas que temíamos acreditar.
Saímos a caminhar, num caminhar descompassado, sem pressa e precioso.
Tudo aconteceu tão rápido, a madrugada nos abençoou, já estávamos de braços dados, em poucos minutos nos vimos abraçados. Ah foi tão bom.
Senti tua respiração, teu calor, teu odor.. ouvi seu coração... sonhei ao sentir tua mão tão delicada, tão vergonhosa e tão desejosa acariciar meus cabelos.Foram toques leves, macios, carinhosos.Nessa calmaria de nossos avanços o ouvi, teu coração tão lindamente disparar, numa batida descontrolada, ele corria apesar de estarmos parados, estáticos, imóveis... nada falávamos, apenas sentíamos.
Novamente vieram nos roubar, um do outro... convites indesejados de pessoas que desejavam nossa companhia.Fomos, mas não nos separamos, estávamos em locais distintos com pessoas distintas, mas estávamos no mesmo lugar, unidos se não por corpo mas por coração.
Passado um tempo voltamos a nos presentear, um se entregou ao outro, sem embrulhos mas com carinho.Novamente abraçados, mas o sol chegou e com ele a hora da partida.
Foi engraçado, mas foi triste; nós arriscamos a desvendar caminhos nunca antes percorridos e nós perdemos, a caminhada foi longa embalada a uma conversa mansa, selaríamos tudo aquilo no fim de nosso destino.
Ria, o destino acaba de fazer mais uma piada!Não chegamos aonde íamos, voltamos ao ponto de partida.
Espere, tenha calma teremos outra oportunidade!Pelo menos é o que eu espero.
Trocamos de parceiros, você seguiu com o inconsciente, eu com a responsabilidade.
Ao me despedi, lhe presentei com o que desejava desde o inicio.Toquei seus lábios leve e carinhosamente, lhe disse sussurrando um tchau e parti. Não parti porque queria ir, mas porque precisava ir.
Na próxima ocasião só espero que ouse.Esperarei como sempre esperei.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Um passado no presente

Nós conversamos sobre mil assuntos, conversas bobas, importantes, brincadeiras e até briguinhas.. tudo em chiste e seriedade.
Falamos da natureza, dos sentimentos, das esperanças e desesperanças, acontecimentos e desejos.
Brincamos de nos completar; de nos dividir.

Esses dias conversamos feito gente grande, discutimos assuntos sérios e numa dessas conversas você me fez recordar um poema que certa vez escrevi.
Fazia tempo que não o relia, e já estava quase me esquecendo de sua existência de sua essência, da cruel verdade que transmite.
Obrigado por me lembrar de algo que tanto condiz com minhas verdades.

Anexo o dito poema em sua homenagem.

Todos somos iguais...diz a democracia..
mas a realidade cotidiana diferencia.

Igualdade é filosofia
de uma vida sem poesia

Ou seria igualdade por liberdade ?
Se for, quem a reconheceria?

A igualdade é desigual
em sua democracia
regida pela aristocracia

E vivida nas periferias
de uma sociedade
igual
desigual

Fator diferencial.

Igualdade.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Harmônia Desarmônica

Calma, irritação
Desejo, repulsa
Compreensão, complicação
Tudo em sobra e em falta,
horas de preenchimento e esvaziamento .

Querer e não desejar
Entender mas não compreender
Compreender mas não entender
Arriscar-se mas cuidadosamente

Encarar e desistir.
Partir sem ter ido.
Ir sem partir
Ficar mas ter ido.
Estar mas não presenciar.
Tudo em falta e em sobra

Cheio , vazio
Só, acompanhado
Acompanhado mas só.
Porque a vida não foi feita pra ter sentido
E sim sentida.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Possibilidades

Levantei naquele dia me sentindo disposta, disposta a viver tudo o que o senhor Destino me oferecesse.

O bom humor matutino que não me pertence resolveu me acompanhar durante aquelas 24h; a rotina seria a mesma, porém os acontecimentos seriam realizados de forma distinta do habitual, pois estava vendo meu dia com olhos encantados, brilhantes e de forma serena, não alucinada como é de se esperar num dia de bom humor.

Naquele dia tudo foi mais leve, trabalhei as 8h diárias que sempre trabalho, mas estas passaram rapidamente de maneira harmoniosa, segui pra faculdade respirando fundo o aroma das plantas pelas quais passei, mirando o brilho do sol que se despedia com ternura, escutando os ruídos da cidade com cuidado, me permitindo ver as pessoas e seus semblantes, me apaixonar brevemente por aquelas aparentemente interessantes e me desvincular deste breve amor na mesma rapidez indolor com a qual me apaixonei. Aceitei tudo o que me foi oferecido, os sons, os odores, as paisagens, os sorrisos, os olhares e os amores.

Foi assim que descobri que encarar o dia-a-dia de braços abertos gera possibilidades brilhantes que não ocorrem quando só nos lembramos de toda a parte chata de nossa rotina. Desta forma vi que é encarando a vida com humor e leveza que somos felizes, que enxergamos a beleza da vida e que nos possibilitamos vivenciar o amor, puro, pleno e feliz.