terça-feira, 30 de novembro de 2010

Ela

Vai vivendo o que a vida lhe oferecer, refletindo sobre o irreflexível;
tentando se encontrar aonde não se perdeu.
Levando um dia após o outro
na tentativa de no amanhã encontrar o que não teve no ontem.
Vai vivendo em seus clichês...
Sua vida é um clichê!
Sempre nos quases,
sempre nos porquês...
Enfim.

sábado, 20 de novembro de 2010


Sempre ouviu que uma janela se abria a cada porta fechada.

Mas ninguém havia lhe dito que uma vela sempre acende quando a luz se apaga.


Mais uma noite de amargura, foi o que pensou ao se deitar. Todo aquele ritual de lágrimas a derramar já lhe era tão habitual que nem se assustava mais ao ver o dia clarear.

Noites ás claras mesmo na mais intensa escuridão.

Solidão, companhia constante. Decidira depois da primeira semana que para melhor acolher aquela que não lhe abandonara nunca, deixaria sempre uma luz acesa, por mais extinta que fosse lhe dava um conforto no desconforto e lhe permitia ver as cores de sua dor.


Meses na bruxulenta luz do velho abajur que sempre fora testemunha de seus amores e desamores.Voyer de todos os seus viveres.


Mas essa noite seria distinta, desde o clarear deste dia ela sentia que havia algo a mudar, que tudo aquilo não cabia mais a sua vida. Que novos ares deveriam entrar por sua janela e novas cores pintar seu dia.


Mesmo ao pressentimento de novas emoções seguiu seu dia abatida como de costume revivendo os mesmos choros, e sorrindo os mesmos sorrisos amarelados pelo uso.


A noite caiu mansa, calma, serena..e seu coração agitou-se, estava ansioso, a muito só batia pelo sofrer, mas esta noite seria diferente, ao brindar o brilho da lua ele sentiu novos motivos por pulsar, bombeava seu sangue de forma avassaladora, fazia suas veias pulsarem ao ritmo da respiração acelerada, toda a calmaria no por do sol, se transformara em emoção.Emoção não contida, não compreendida.


Ela refez seu ritual, encostou as janelas, permitindo que só uma leve brisa alcançasse o interior de seu quarto, acomodou-se em meio as muitas almofadas que revestia sua cama, recostou o livro que relia por um numero perdido de vezes, aquele que sempre sonhava virar realidade na sua própria vida, aquele que ele escrevera no inicio do romance, mas que não obteve o mesmo final feliz, de um casal idoso admirando o por do sol nos degraus da escada numa casa de campo, com o céu alaranjado e o amor selado pelo olhar apaixonado; ele partira.. não de maneira covarde.. insensível ou coisa qualquer, ele partira cumprindo o destino.Morrendo de forma tosca no retorno de uma viagem de divulgação do livro.


Ela, arrasada era a palavra que mais próximo chegava de seu estado de espírito. Desacreditava de tudo desde que perderá aquele que lhe fizera ver que existe um mundo e nele as possibilidades de se viver feliz.


Essa noite, depois de tantas emoções difusas ela decidira não deixar a luz de seu bruxulento abajur iluminar seu quarto.Decidira que naquela noite viveria a solidão junto a escuridão.Da forma mais pura e dolorida que se possa imaginar, sentiria a amargura da noite junto aos sentimentos derramados em forma de lágrimas.


Deitou-se, fechou o livro, enxugou a última lágrima ardente que acabara de lhe cair e num suspiro profundo pensou "Boa noite meu amor" ao passar a mão sobre o livro e a luz apagou.


Não acreditou em seus ouvidos quando a voz aveludada dele lhe responderá ' - Boa noite meu amor, a tanto espero para lhe dizer mais uma vez que te amo!"


Ela só acreditou no que ouvia ao ver aquela silhueta já tão bem decorada recostada a poltrona no pé da cama iluminada por uma vela, aquela mesma vela que ele sempre acendera para escrever; e na mesma postura que usava toda vez que a acordava ao meio da noite e lhe dizia : "é na pouca luz que a verdadeira historia se mostra e vejo além da folha de papel", e feito todas as vezes ela sorria-lhe o riso mais sincero e lhe dizia : " Amo-te a pouca ou a muita luz", e repetindo mais uma vez essas palavras ele lhe dizia agora : "- E eu a amo até mesmo a nenhuma luz."

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Definição no fim

Autentica, foi a definição que me deu no dia em que falamos do fim.
Sei que sou mesmo como o dicionário define:verdadeira, fidedigna e legitima.
Mas não era a melhor maneira de me definir no fim, um adeus, obrigada por tudo e pelo nada seria melhor compreendido.